top of page

Os que passam lentos, mas tranquilos, sob as bênçãos de um céu

Os que passam lentos, mas tranquilos, sob as bênçãos de um céu; eu os vejo de longe, como se a vida os abençoasse para que desabrochem tranquilos. Que haverá em cada sacrário? Em cada coração em prece, desses que, em passos hesitantes, aguardam o momento derradeiro? Sobre as alvas cabeças, sobre crânios que os dias alimentaram de vida e de esperança? Um a um, os passos seguem cansados, mas revelando a vida interior robustecida pela esperança de um céu que os aguarda. Aquele, já curvo pela idade, vendo o solo enxerga o céu, pois a vida lhe cobrou a esperança de um viver sem fim. Outros, sem mais o equilíbrio de um ontem laborioso ostentam, no mistério do existir, a esperança de um amanhã de bênçãos. Alguns demonstram que o calendário não fragiliza, pois, no íntimo, as bênçãos de Deus fazem morada. E aqueles que mal enxergam a vida que os retém escondem, na pobreza do corpo, a luz imortal que emana do coração de Deus. E aquele, que agora percebo num ritmo que a existência fragilizou, quais interrogações lhes estremecem no mistério de um eu ferido pela pobreza, mas alentado pela esperança? Todos eles foram um dia criancinhas, a quem os ontens ofereceram o leite que emana de cada mãe, por entre as dores do parto. Atravessam a vida, tendo a misericórdia de Deus como ânimo na dor e fé no existir. Diariamente os vejo num caminhar já fragilizado pelo calendário. No existir de cada um, por certo, terá havido momentos em que cada hora é fome, é mágoa, é tristeza. Apesar da fragilidade, que tão dolorosamente constrói nossa noites e auroras, a fé sempre existiu para iluminar o próprio interior. Na meditação que a graça de Deus premifica de esperança e fé, cabe-me não ignorar que também eu sou chamado, em qualquer ritmo do andar ou do próprio viver. Sou aguardado pelos 7 palmos contidos em cada instante. Mas, porque Deus é amor, há uma esperança de que a abençoada eternidade assegure o calendário sem marcas de dias e de noites, e sim sob as bênçãos daquele que, substancialmente, é o Amor. Sinto, como realidade envolvendo a própria vida, um pulsar de esperança que o pecado esmaga mas que o arrependimento, emanando de um interior atento à bondade do criador, me robustece no esperar do tempo que aqui termina para os amanhãs sem calendário. Que mistério em cada lar, em cada ser que o habita! Que ritmos de dor marcam os nossos dias e noites. Com a graça de um viver sustentado pela misericórdia do criador, não haverá razão para o desespero, mas somente luz para aclarar as vias que levam ao céu. A rua onde moro é um espaço de variadíssimos ontens que marcam tempos passados para o mistério dos amanhãs. Como nos mantemos entre esperança e negatividade? Como viver sem apenas existir, se a fé ilumina vias abençoadas por Aquele que é o próprio Amor? As horas não consultam para descobrir se é noite ou se é manhã. Aguardar o amor de Deus é um esperar sem desesperar. 


Destaque
Tags
Nenhum tag.
bottom of page